quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Eu...

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!..
.
Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!

Florbela Espanca

1 comentário:

João Crisostomo disse...

Fosse o mundo mais simples e cada gesto ou palavra um sentido único uma única verdade, e João e Ana seriam felizes, banalmente felizes. Não o são todavia. A sua felicidade está adiada. O seu encontro não existe. Existem eles a esgravatar um no outro em busca de uma saída. Mas não há saída.

JC
Pensar Ana, 2007